Jambu em “MANAUERO”
- Manauarou

- 22 de abr.
- 2 min de leitura
Formada por Gabriel (voz e guitarra), Bob (guitarra), Guga (baixo) e Ysmn (voz e bateria), a Jambu acaba de lançar seu mais novo trabalho, o álbum “MANAUERO”, uma produção que mergulha nas memórias afetivas dos integrantes e nas sonoridades da cidade de onde saíram: Manaus. Depois de se mudarem para São Paulo em 2023, o grupo viveu o distanciamento da cidade natal como um catalisador criativo. Se antes flertavam com o indie rock tradicional, o afastamento despertou o desejo de reconectar com suas raízes – tanto na temática quanto na musicalidade.

“Para nós foi uma grande mudança ter vindo para o Sudeste e ao mesmo tempo vivermos esse resgate das nossas memórias através das lembranças, saudades e incertezas”, comenta Guga, baixista da banda.
No processo, o grupo decidiu expandir as possibilidades sonoras e convidou quatro produtores – Lucas Cajuhy, Zeca Leme, Roberto Kramer e Bezebra – para trazer múltiplas visões ao disco. O resultado é um álbum plural, que mistura indie com reggae, forró, pop e elementos da efervescente cena eletrônica manauara.

Uma cidade que pulsa em cada faixa
As canções de “MANAUERO” funcionam como janelas abertas para Manaus. A pop-reggae “deixa fluir” e a acelerada “eu te espero” traduzem com leveza o sentimento de saudade, enquanto “cerveja gelada”, composta num dia escaldante em São Paulo, brinca poeticamente com ambiguidade: afinal, o eu lírico é uma mulher ou a cerveja? Já a faixa “vagabundo” oferece um retrato mais cru da migração e da adaptação à nova cidade: “Eu vou sair pra ver o mundo / E como qualquer vagabundo / Eu vou buscar nessa cidade / Amor de verdade / Quero olhar além dos muros” – canta Gabriel. A crítica também marca presença. “latinoamericano”, faixa com clima mais denso, traz reflexões sobre o apagamento histórico das origens indígenas e latino-americanas: “O que aprendemos nas escolas são só visões vindas dos colonizadores, como se só houvesse história humana na América Latina a partir da chegada deles”, explica Gabriel Mar. “Vindo de Manaus, percebemos o quanto dividimos tradições com outros povos vizinhos, mas ainda somos incapazes de nos vermos como parte desse mesmo território.”
Memórias de família e calor do Norte
Uma das surpresas mais emocionantes do disco é a faixa “INCENDEIA”, composta por Eugênio Mar, avô de Gabriel. A canção, que descreve o sol intenso do Brasil e a sensação de entrar numa cachoeira, foi resgatada do baú familiar e ganhou nova vida na voz da Jambu: “Meu avô é músico, já tinha essa canção há muito tempo e resolvemos gravar. Foi uma realização muito grande”, contou Gabriel.
“MANAUERO” é mais do que um álbum: é um manifesto de identidade em movimento. Ao sair de Manaus, a Jambu se encontrou ainda mais conectada à sua origem. O disco é íntimo, dançante, reflexivo – e profundamente amazônico. A sonoridade mudou, a maturidade chegou, mas a essência continua a mesma: a de quem canta com o coração onde nasceu.



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