Imersão de influenciadores no Festival da Cunhã
- Manauarou

- 21 de mai.
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O Norte do Brasil se torna, mais uma vez, protagonista de um movimento que vai além da celebração: é um convite à escuta, ao respeito e à valorização de uma cultura plural e ancestral.
A primeira edição do Festival da Cunhã, idealizado por Isabelle Nogueira em parceria com a Mynd, a maior agência de marketing de influência e entretenimento do país, inaugura em Manaus um novo tempo de encontros potentes entre tradição, modernidade e representatividade — com um papel estratégico ocupado por influenciadoras e criadores de conteúdo digital de todo o Brasil.

Muito além da visibilidade nas redes, a presença de nomes como Nátaly Neri, Maíra Azevedo (Tia Má), Sarah Andrade, Thais Braz, Beta Boechat, Giovanna Pitel, Vanessa Lopes, Gominho, Fred Nicácio, Pocah, entre tantos outros, representa uma imersão consciente e profunda nas expressões culturais da Amazônia. Ao ocuparem os espaços do evento — que vão desde rodas de conversa com lideranças locais até uma vivência única em um hotel flutuante sobre o Rio Negro — essas figuras públicas se colocam como pontes entre territórios, histórias e públicos distintos, ajudando a transformar o conteúdo digital em ferramenta de valorização da cultura brasileira.
Em tempos onde o alcance digital tem força comparável a grandes veículos de mídia, a presença desses influenciadores e artistas no coração da floresta reconfigura a forma como o país olha para o Norte. Não é mais uma região distante ou exótica — é um centro de saberes, potências e ancestralidade que precisa ser reconhecido e respeitado. A escolha de colocar essas personalidades em contato direto com as culturas locais é uma estratégia que vai além do entretenimento: é uma ação política e simbólica que coloca a Amazônia como protagonista de sua própria narrativa.
Para Pitel, participante do evento e conhecida por seu engajamento em pautas sociais, ambientais e ligadas à representatividade negra, estar no Festival da Cunhã “é mais do que uma viagem, é uma experiência de troca, escuta e respeito a uma cultura rica e muitas vezes invisibilizada. Tenho muita responsabilidade com os espaços que ocupo e com as conversas que levo para quem me acompanha.” Esse tipo de fala revela o impacto real que essas experiências podem ter — não apenas para quem está presente, mas também para os milhões de seguidores que acompanham esses criadores de conteúdo diariamente. Ao divulgar a culinária tradicional, os rituais ancestrais, a beleza das vestimentas, a arte do boi-bumbá, os cantos indígenas, os saberes das matriarcas e os modos de vida ribeirinhos, esses influenciadores ajudam a romper estigmas e reconstruir o imaginário nacional sobre a Amazônia.
A programação do Festival da Cunhã foi pensada como uma verdadeira jornada sensorial e política: música, sustentabilidade, saberes tradicionais, estética regional, protagonismo feminino e experiências únicas compõem o roteiro. Entre os destaques está o show da dupla Maiara & Maraisa, que encerra a festa com um repertório recheado de sucessos. Mas é fora dos palcos que se dão os encontros mais potentes: a escuta ativa, a troca com lideranças indígenas como Yaponã Guajajara, os bate-papos com artistas locais e a convivência com os saberes que nascem da terra e do rio.
Idealizadora do festival e Embaixadora do Festival de Parintins, Isabelle Nogueira não esconde a emoção ao ver o projeto tomando forma:
“É com imensa alegria que vejo a primeira edição do Festival da Cunhã se tornar realidade! Será um verdadeiro palco de celebração da nossa cultura e da nossa gente. Queremos mostrar ao Brasil e ao mundo o poder da nossa identidade, com muita música, festa e vivências amazônicas.”
Nesse cenário, os influenciadores ganham um novo papel: não apenas como divulgadores de tendências, mas como aliados na valorização de uma cultura viva, muitas vezes invisibilizada pelo eixo hegemônico. Eles deixam de ser meros espectadores para se tornarem agentes de escuta, respeito e amplificação. Seus conteúdos — quando comprometidos com a realidade local — não apenas promovem engajamento, mas ajudam a mudar narrativas históricas de silenciamento.
O Festival da Cunhã se mostra, assim, como um marco para o futuro da comunicação cultural no Brasil. Mostra que é possível usar o poder das redes para dar protagonismo ao que é ancestral, local e profundo. E mais do que isso: ensina que quando a cultura amazônica é tratada com a seriedade e o carinho que merece, ela revela sua força — e conquista, com orgulho, o espaço que sempre foi seu.



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