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Espetáculo Mojubá leva estética afrodiaspórica

  • Foto do escritor: Manauarou
    Manauarou
  • 22 de abr.
  • 3 min de leitura

Com sessões gratuitas, transporte garantido e acesso ampliado a estudantes e comunidades de terreiro, o espetáculo Mojubá estreia sua temporada de ensaios abertos em Manaus nos dias 24, 25 e 26 de abril, no Teatro da Instalação (zona sul da cidade). A obra é uma criação da premiada atriz e travesti Correnteza Braba e propõe um mergulho nas estéticas e saberes dos povos de terreiro, afirmando-se como um potente gesto artístico de resistência antirracista e valorização da cultura negra.

Foto: Alex Costa
Foto: Alex Costa

As apresentações acontecem em horários específicos para diferentes públicos. No dia 24/4 (quinta-feira), às 15h30, a sessão será voltada para estudantes da Escola Estadual Ângelo Ramazzotti. No dia 25/4 (sexta-feira), o público será a Escola Estadual Augusto Carneiro dos Santos às 15h30, com sessão aberta à comunidade às 19h. A temporada se encerra no dia 26/4 (sábado), às 17h, com uma apresentação especial para a comunidade do Terreiro Recanto de Preta Mina.

Encruzilhadas criativas e resistência

Mojubá é resultado de uma extensa pesquisa performativa iniciada em 2021, intitulada Encruzilhada: ponto de partida para a criação performativa. A pesquisa teve como foco os modos de estar e criar a partir das vivências em terreiros de religiões afro-brasileiras, estabelecendo pontes entre a oralidade, a corporeidade e a memória urbana de Manaus. “O espetáculo investiga como os corpos de terreiro se colocam na cidade, como enfrentam o racismo religioso e o apagamento histórico. É uma resposta estética, política e espiritual”, afirma Correnteza Braba.

Foto: Alex Costa
Foto: Alex Costa
Criação em rede e atravessamentos afrocentrados

A dramaturgia é assinada por Kelson Succi (RJ), colaborador central na construção da obra. Ao lado de Correnteza, ele integrou o eixo de pesquisa cênica que percorreu bibliografia especializada, entrevistas com lideranças religiosas e registros audiovisuais em Manaus. A criação colaborativa também contou com a participação do Coletivo das Liliths (BA), referência nacional em teatro negro e dissidente, com foco em gênero e sexualidade. Os diretores Jelton e Jorginis estiveram em Manaus em novembro de 2024 para colaborar na preparação da obra, e Correnteza retribuiu a visita em abril deste ano, indo à Salvador continuar a imersão criativa. “Existe uma tecnologia de sobrevivência, de invenção, de estética que os nossos corpos criam para sobreviver à colonialidade. Mojubá é fruto dessas trocas e encontros”, destaca a atriz.

Democratização do acesso e fortalecimento da autoestima coletiva

Com transporte gratuito e prioridade para escolas públicas e comunidades de terreiro, o projeto visa ampliar o acesso ao teatro e fomentar autoestima estética e intelectual entre populações historicamente marginalizadas. “A gente quer que as pessoas se vejam no palco. Isso gera pertencimento e reconhecimento. É um gesto político e pedagógico”, explica Correnteza. Além disso, Mojubá convida a sociedade manauara como um todo a reconhecer a presença histórica e espiritual dos terreiros na cidade. “Queremos provocar um olhar mais atento e respeitoso sobre a afroespiritualidade em Manaus, que é tão viva quanto invisibilizada”, afirma.

Equipe preta e produção independente

A montagem também é uma afirmação de protagonismo negro na cadeia produtiva das artes cênicas. Com uma equipe majoritariamente negra, Mojubá conta com nomes como Wellington Douglas (assistência de direção), Kanzelu Muká (preparação corporal), Francisco Ricardo (direção de arte), Marcelo Rosa e Mady (direção musical), além de profissionais das áreas de produção, comunicação, fotografia e contabilidade. A iluminação é assinada por Paulo Martins, sócio da Café Preto Produções ao lado de Correnteza. A comunicação do projeto é coordenada por Bianca Beatriz, com design de Jaú Ribeiro Vieira e fotografia de Alex Souza.


O espetáculo foi contemplado pelo edital Nº 04/2023 – voltado para o povo negro, povos tradicionais, de terreiro e/ou comunidades quilombolas – da Lei Paulo Gustavo, promovido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC-AM).


 
 
 

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