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D’água Negra leva a nova cena cultural manauara ao PSICA 2025, o maior festival do Norte!

  • Foto do escritor: Manauarou
    Manauarou
  • 6 de mai.
  • 5 min de leitura

O Psica 2025 promete ser um estrondo — e não por acaso. Em pleno ano da COP30, com os olhos do mundo voltados para Belém do Pará, o maior festival de música do Norte se posiciona como porta de entrada da diversidade brasileira, onde a Amazônia canta alto e sem pedir licença. Na linha de frente dessa celebração, brilha o trio manauara D’água Negra, que retorna ao festival como uma das grandes apostas da nova geração.

D"Agua Negra (Foto: Ivan Nishitani)
D"Agua Negra (Foto: Ivan Nishitani)

Formado por Clariana Arruda, Bruno Belchior e Melka Franco, o grupo mistura jazz, soul, indie pop e música eletrônica, costurando essa sonoridade com a força das águas amazônicas e a experiência urbana dos corpos queer manauaras. A banda ganhou destaque com o EP Erógena, lançado em 2021 pela Amplifica Records, e desde então tem sido referência na cena alternativa do Amazonas, unindo performance, poesia e tecnologia.

O Norte em evidência

Além do D’água Negra, o Psica 2025 reforça a potência nortista com nomes como Patrícia Bastos (AP), Wanderley Andrade (PA), o tecnobrega da banda Voo Livre, o carimbó urbano do Batucada Misteriosa & Toró Açú (PA), e os ritmos amazônicos do Trio Manari em conexão com o veterano Ronaldo Silva, do Arraial do Pavulagem. “O Brasil sempre se surpreenderá com o que o Norte tem em sua cultura”, diz o texto oficial do festival — e com razão.

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A programação ainda inclui grandes nomes da música nacional, como o gigante Mano Brown, o furacão Marina Sena, o rapper BK em feat inédito com a lenda Evinha, o indie do Terno Rei, o reggae de Célia Sampaio (MA) e a revelação pop Melly (BA).

“O Psica mostra o que é a música do Brasil sob o ponto de vista do Norte”, explica Jeft Dias, diretor do festival. “E a gente diz, sem medo de errar: daqui a gente enxerga melhor, já que inclui no jogo ‘a peça que falta’, que é justamente a sonoridade do Norte, região que é invisibilizada nos outros grandes festivais”.

D’água Negra no Psica: “uma convocação bonita”

Conversamos com os três integrantes do D’água Negra, que contaram sobre a emoção de serem selecionades para o festival, a construção de sua estética sonora e o que esperam dessa vivência em Belém. A seguir, a entrevista completa:


- Como foi pra vocês quando souberam que passaram na seletiva Aposta Psica? Já caiu a ficha de que vão tocar num dos maiores festivais da região? Clariana Arruda:


Tocar em grandes festivais da região Norte sempre fez parte do nosso desejo coletivo, então quando recebemos a notícia que fomos aprovados foi um misto de vertigem e alívio. Vertigem porque é como se o tempo desse uma volta e colocasse a gente diante de tudo que costuramos em silêncio, e alívio porque é a confirmação de que nossa caminhada tem pulsado em outras escutas também. O Psica sempre foi um lugar de projeção e pertencimento pra gente, então saber que fomos escolhidos como Aposta é uma convocação bonita pra continuar mergulhando fundo em nossas águas, acreditando no nosso som e poética. Na real, a ficha ainda não caiu por completo… pessoalmente esse estalo só acontece no gozo do palco, mas já estamos imersos e concentrados na vibração do que esse momento significa.


– O som de vocês tem uma pegada indie pop, mas dá pra sentir muita coisa da cena manauara nas composições e arranjos. O que o público de Belém pode esperar desse show no PSICA? Bruno Belchior:


A gente faz parte desse movimento contemporâneo na cena musical manauara de abraçar as complexidades da nossa identidade. Já é do nosso conhecimento coletivo a compreensão de que nossa sonoridade é múltipla, urbana, ancestral e global. E o D’água Negra integra tudo isso de maneira particular. Somos muito fãs do groove, do neo soul, do dub, do trip hop e do pop, então acredito que a nossa pegada indie tá muito na filosofia da coisa — de misturar gêneros, de sermos independentes e pelo desejo de termos um universo sonoro-visual próprio. Manaus aparece puramente em nossa poética, no nome da banda, na relação profunda que temos com as águas e com as ruas. A gente vem tentando traduzir de diversas formas os sentimentos de sermos corpos queers em uma cidade mega urbana e ancestral. Além disso, nossos músicos são todos daqui, e a gente sabe que cada um tem um jeito muito específico de tocar as músicas a partir das suas referências. Querendo ou não, os arranjos perpassam essa energia. Nesse show do PSICA, o público pode esperar o nosso melhor momento enquanto banda — estaremos apresentando nosso álbum de estreia que está em processo de finalização, e toda a dramaturgia sonora que vem acompanhada desse novo trabalho.


– Estar no line-up do PSICA coloca vocês em contato com artistas de várias partes do país. Que tipo de trocas e conexões vocês esperam levar dessa experiência? Melka Franco:


Essa é uma ansiedade que a gente até gosta de ter, sabe? E olhando os artistas que estarão esse ano no festival, a coisa toda triplica! Das tantas incríveis missões que festivais como o PSICA têm pra região nortista, essa de forjar conexões é uma das mais especiais e necessárias. Quantos novos caminhos podem ser construídos num evento desse? Quantos encontros podem brotar ali, nos bastidores, nos corredores, nas passagens de som, nas rodas pós-show? Sinceramente, a gente fica aqui sonhando, mas a magia vai rolar mesmo em dezembro lá em Belém. E a gente quer estar inteiro pra isso — com o corpo, com a voz, com as ideias e com a escuta.


A dramaturgia dos corpos nortistas


D’água Negra é mais que uma banda. É uma experiência sensorial que funde som, imagem e afeto em uma narrativa viva sobre corpos que resistem e criam no coração da Amazônia. Seu nome é uma homenagem ao Rio Negro, símbolo vital da região. Em seu trabalho, o trio dá voz a vivências urbanas e marginais, tensionando invisibilidades históricas com lirismo, potência e elegância. O videoclipe “Acopalices”, lançado ainda durante a pandemia, é um exemplo disso: uma obra que fala sobre ausência e reinvenção em tempos de crise, unindo estética minimalista, poesia corporal e uma batida que pulsa como o coração de uma cidade.

D'Agua Negra (Foto: Manauarou)
D'Agua Negra (Foto: Manauarou)

Agora, é o palco do Psica que recebe essas águas. E como diz o próprio festival, o Brasil ainda tem muito a descobrir sobre sua própria musicalidade — mas quem ouve o Norte, já começa a entender.


Serviço:


Festival Psica 2025 - O Retorno da Dourada, dias 12, 13 e 14 de dezembro, na Cidade Velha e do Mangueirão, em Belém.

Passaporte Psica à venda aqui:  https://www.ingresse.com/festival-psica-2025/ 

R$125,00 meia* 

R$170,00 solidária** 

R$250,00 inteira

(*estudantes e professores | **mediante entrega de 1kg de alimento não perecível na portaria do evento)


 
 
 

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