“A Expressão Corporal da Africanidade na Amazônia”

Manauarou
5 de jun.
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Inã Figueiredo traz Tati Campêlo a Manaus e propõe intercâmbio cultural com Salvador. Projeto une dança afro, ancestralidade e formação artística na zona Leste de Manaus.

Nos dias 19 e 20 de julho, Manaus será palco de um potente encontro entre a Amazônia e a Bahia por meio da linguagem da dança afro. A produtora cultural Inã Figueiredo realiza o projeto “A Expressão Corporal da Africanidade na Amazônia”, na Casa de Candomblé Ilê Asé Sesu Toyan, localizada na avenida Margarita, nº 1016, no bairro Cidade de Deus, zona Leste da capital amazonense.

O projeto traz à cidade a coreógrafa baiana Tatiana Campêlo, fundadora da Campêlo Cia de Dança (Salvador/BA), para conduzir uma imersão formativa voltada a artistas da dança, teatro e outras áreas. O curso é gratuito, com carga horária de 12 horas e oferta de alimentação para todos os participantes e ajuda de custo para transporte aos 15 primeiros inscritos. As inscrições podem ser feitas até o dia 7 de julho. Ao todo, são 25 vagas disponíveis, com atividades das 9h às 16h30, incluindo intervalo para o almoço.

Intercâmbio cultural: Bahia encontra Amazônia

“Trazer Tatiana para Manaus é um sonho! Venho desenvolvendo essa articulação há mais de um ano. Essa troca é, antes de tudo, abrir espaço para o diálogo entre duas potências culturais do país: a Bahia e o Amazonas”, afirma Inã Figueiredo. “A dança afro é uma ferramenta de formação, mas também de identidade”, complementa. Com uma trajetória marcada pela pesquisa em linguagens corporais negras, Tatiana Campêlo celebra a oportunidade: “Com o coração aberto, sigo para Manaus para partilhar o que carrego em meu corpo, em minha trajetória e em minha fé”, declara “Manaus, que honra poder plantar sementes aí. Que nossas trocas sejam férteis, que os encontros nos fortaleçam e que a ancestralidade dance conosco em cada passo.”

O projeto também propõe reflexões profundas sobre identidade racial, pertencimento e a valorização das culturas negras e indígenas presentes na Amazônia.“Mesmo com as políticas afirmativas em vigor, ainda há pessoas que não se reconhecem como negras ou indígenas. Essa é uma oportunidade de se reconectar com essas raízes através da arte, para além da proposta de formação profissional”, enfatiza Inã. Além do aprendizado técnico, os participantes serão estimulados a refletir sobre suas trajetórias pessoais por meio do corpo, da escuta e do afeto. “Queremos reunir pessoas interessadas em movimentar o corpo e refletir sobre sua própria história. É um trabalho que conecta o passado, o presente e o futuro”, explica a produtora.

Sobre as realizadoras

Inã Figueiredo atua há sete anos em Manaus como produtora cultural, com forte atuação na área da formação e nas artes cênicas. Em 2024, produziu uma exposição com temática candomblecista, fortalecendo narrativas ancestrais na cena amazônica. Também já integrou produções de grande porte como o Festival Amazonas de Ópera (FAO).

Tatiana Campêlo, por sua vez, é referência nacional na dança afro contemporânea. Diretora da Campêlo Cia de Dança, desenvolve metodologias próprias baseadas em saberes populares, religiosidade e ancestralidade africana, com participação em festivais no Brasil e no exterior.